Mas eu já não estarei lá...
- Ricardo Moutinho
- 2 de jul. de 2017
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E tem dias que me apetece saltar para o desfiladeiro Rasgar as asas no chão, queimar as feridas nas rochas Rebolar o corpo desistente no alcatrão Abandonando o comboio que segue para onde não quero ir Rumo a uma jornada que me leve antes para lado nenhum Porque já pouco me interessa de onde venho Afastado que estou de quem fui e de quem sou E quero lá saber afinal para onde eu vou Esse comboio não é o meu, nunca foi Porque o meu destino é o destino dos loucos Daqueles que se perdem por não terem medo de se encontrar Donos dos sonhos que perdi algures Nas carruagens vazias de sentir e cheias de coisas De coisas que não significam coisa nenhuma Viajando no meio de gente sem pessoas dentro No âmago de uma existência que por distração minha me tomou Fingindo ser a vida que me estava destinada Fazendo de conta que no final deste caminho há-de estar um pouco de mim Sei-o eu, não está e não estará E talvez o meu corpo chegue ao final da viagem Mas eu já não estarei lá…
Abraço,
Ricardo Moutinho
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