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Lágrimas só de hoje...

  • Foto do escritor: Ricardo Moutinho
    Ricardo Moutinho
  • 2 de jul. de 2017
  • 2 min de leitura

Lágrimas cortam-me o rosto e rasgam-me o peito num grito em surdina que não se quer calar. Todas as lágrimas que hoje caem do cume da minha dor, amanhã serão apenas lembranças do que um dia foi real e no outro dia resolveu ir embora. Hoje, abro o peito às balas e sofro. Não sofro em meias medidas, porque gosto de sentir por inteiro. Não me reprimo na hora de sofrer, para que me possa exprimir e existir de Alma inteira na hora de me alegrar. Nunca sinto por metades, porque gosto de ser inteiro. Assim como o sol ontem brilhou mais alto e se fez notado de forma intensa por entre as nuvens passageiras, hoje anoiteceu profundamente em mim para que eu possa ter um novo amanhecer. São nós que se desatam, são promessas que se quebram, são planos que se afundam em uma onda que leva para longe o que ontem parecia ter só um jeito de ser e hoje é apenas uma lembrança confusa. Então, eis que do pico da minha montanha emocional, cai uma última lágrima sobre o piso frio e o chão parece abrir-se em ruínas com o peso que outrora estava dentro de mim e que aquela lágrima de aparência fraca carrega em si para as profundezas da Terra. O mundo parece ruir em caos e eu abismo-me para a sua escuridão, dou-me como voluntário para sentir logo todas as suas dores, porque amanhã um novo dia florescerá em mim e a nova ordem se restabelecerá. Então, permito-me a que o peito se rasgue, que o ego se renda, que as balas me atinjam e que eu morra só por hoje, para que todo o sofrer possa ficar aqui e amanhã eu possa ressurgir mais forte, trocada que estará a lâmpada fraca do corredor escuro onde só por ora me encontro. E do alto da minha felicidade, eu permito-me a sofrer por inteiro, só por hoje, porque hoje é um bom dia para sofrer com sabedoria, sem culpas e sem culpar. Se entretanto tu passares por mim e me vires a chorar como se não houvesse amanhã, então é provável que não haja, porque amanhã já não serei mais o mesmo e terei partido para um lugar que por ora me é desconhecido. Lágrimas acariciam-me o rosto e aconchegam-me o peito num suspiro em surdina de um grito que já se vai calando...

Abraço,

Ricardo Moutinho


 
 
 

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