Grito de Re-Evolta
- Ricardo Moutinho
- 2 de jul. de 2017
- 3 min de leitura
A vida é uma matrix onde cada um de nós imprime a arte de si mesmo sobre uma tela onde tudo se une, talvez num macro-cosmos observável por alguém, talvez até por nós mesmos. Somos uno com todas as outras formas de arte, mas nesta tela da vida preferimos desenhar nossas criações como se estivéssemos sozinhos, isolados dos outros, como se tivéssemos de salvaguardar a nossa parte da tela, não tomando consciência de que a tela inteira é o que mais importa, é a razão pela qual viemos, é o destino da evolução da espécie. Por enquanto, somos apenas um cancro neste planeta, vamos aumentando a nossa presença, destruindo o que vemos pela frente, apropriando as terras de ninguém, explorando até ao limite os recursos do planeta enquanto lhes atribuímos donos, matando todo o tipo de espécie animal por capricho do mercado, ora uns porque são um excelente negócio na área alimentar, ora outros porque vestem aqueles que possuem condições financeiras para justificar a morte de um animal para lhe arrancar a pele. Entramos dentro de uma máquina de cegueira e surdez mental e não vemos nem ouvimos ninguém se garantirmos que correspondemos ao modelo de ser humano industrializado que foi projectado por aqueles a quem interessa manter esta geringonça a que chamamos humanidade e modelos de civilização e de sociedade e que mais não passam de modelos antiquados e ultrapassados de dar um espaço ao ser humano nesta vida. Nunca nenhuma espécie neste planeta foi tão pobre como a espécie que se diz inteligente mas que se ajoelha perante o dinheiro, fazendo dele seu Deus Supremo e único salvador da humanidade, a quem pagamos o dízimo para comer, para dormir, para estacionar, para passar nos caminhos, para manter a saúde, para manter a condição física, para aprender, para evoluir, para curar, e para tudo e mais alguma coisa que deveria ser garantida num modelo de civilização. Somos cancros do planeta e como se não chegasse, concordámos em tornar-nos cancros da própria humanidade e civilização. Perguntamos porque será que o cancro é cada vez mais a doença da moda. Talvez seja a natureza a defender-se, criando uma praga à nossa imagem para nos ir colocando fora de jogo. Até que este modelo se esgote, somos uma ameaça para o planeta e para nós mesmos, e talvez a natureza se encarregue de nos eliminar sem escolher entre justos e pecadores, se não mostrarmos colectivamente que somos mais inteligentes, criativos e sensatos do que realmente mostramos, para talvez deixarmos de ser sentidos como uma ameaça pela própria natureza que nos rodeia. Chegámos a um entendimento profundo de tudo e mais alguma coisa, desde a mente ao universo, sendo que reformamos e revolucionamos diariamente os computadores, a física quântica, a medicina, a navegação e exploração aeroespacial, as telecomunicações, entre tantas outras re-evoluções diárias que somos capazes de fazer, mas não temos inteligência, criatividade e sensatez para re-evolucionar o nosso modelo de civilização totalmente descabido para mais de 90% da população mundial mas que serve aos 10% que se auto-assumiram os Alfas da espécie e que permitimos que nos controlem e nos façam crescer como um cancro que cumpre efectivamente a sua função enquanto tal. Esta é a verdade com que temos de lidar. Somos um cancro consciente de que o somos, porque sabemos que somos capazes de mudar isto, e apenas porque alguns perceberam que somos apáticos, concordantes, preguiçosos, fracos e fáceis de dominar, nós dizemos que não podemos fazer nada, que é utópico pensar em mudar, e continuamos com nossas vidas como se nada de mal se estivesse a passar no mundo, desde que a vida passe e tenhamos tido boa reputação e aparência entre os outros que estão tão cegos e tão profundamente tristes como nós. Somos apenas relógios que fazem tic-tac e que um dia deixam de trabalhar. Cruzamo-nos uns com os outros sem aproveitarmos nada uns dos outros, tão focados que estamos em competir pelo nosso lado da tela, do jeitinho que nos ensinaram como devia ser. Deixámos que nos tirassem a alegria, a música e a arte interior que está dentro de nós, enquanto nos distraímos com a alegria que nos mostram nas TV's e nas redes sociais, com a música que interessa estar na moda e com a decadência disfarçada de arte que nos ilude, e com isso deixámos de dançar a vida, passámos a correr e a não ter tempo para viver, porque viver pode tornar-se re-evolucionário e perigoso para este modelo dentro do qual nos enfiámos por complacência, iludidos talvez que um dia o paraíso chegue para nós, sem que tenhamos de aprender a arte de criar o nosso próprio paraíso. Somos caveiras andantes e é urgente deixarmos de o ser!!!
Já agora, valia a pena pensar nisto!!!
Abraço,
Ricardo Moutinho

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