Avante Navegante...

A vida pode ser inspiradora nos mais pequenos detalhes. Por vezes, tudo o que precisamos de fazer é calar todo o ruído que se faz à nossa volta e observar o mar em que tudo se transforma à nossa volta. As marés são muitas, algumas mais calmas e outras mais revoltas, e cabe-nos contudo saber navegar. Naveguemos com a sabedoria de portugueses, conquistadores na arte de navegar. E a arte do navegante é o silêncio, aquele que te acalma e te coloca como observador e observado, que cala a barafunda que parece haver à volta, e de repente todo o barulho que fazem perde o sentido, a calmaria do navegante permite-lhe ver o horizonte e as várias possibilidades de navegação, permitindo-lhe escolher os caminhos que naturalmente se apresentarem mais naturais, de acordo com o ritmo que a sua própria natureza interior vai marcando, observando acima do tempo linear, dos eventos que se desenrolam, das perspectivas e exigências das pessoas, do apego às armadilhas do ego frustrado e cansado e de tudo o que lhe tire a liberdade de ser. Então, navegante, pega o teu leme, observa o mar à tua frente, respeita que ele seja calmo e revolto, pára de procurar o certo e o errado e de julgar tudo o que te acontece, e começa a viver enquanto crias o teu próprio caminho. Assim, noutros tempos, as caravelas chegaram a destinos que ainda não tinham sido criados...

Um abraço,

Ricardo Moutinho